Enfrentamento de trabalhadores contra o golpe deve ser feito nas eleições Enfrentamento de trabalhadores contra o golpe deve ser feito nas eleições

Diversos, Notícias, Tribuna Livre, Novidades | 3 de agosto de 2018

whatsapp-image-2018-08-03-at-15-06-15A atuação dos trabalhadores brasileiros para barrar o golpe de 2016 e suas consequências  foi assunto de debate do painel da tarde desta sexta-feira (3) no VII PlenaFUP, que acontece até domingo (5), no Rio de Janeiro.

Com o tema “Protagonismo dos trabalhadores frente ao golpe”, a mesa teve a participação da diretora da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Fabíola Antezana; do técnico do DIEESE, Gustavo Teixeira; do vice-presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae), Sérgio Takimoto; e do diretor da FUP, Deyvid Bacelar. Segundo os participantes, a luta dos trabalhadores, agora, deve ser feita por meio das eleições.

Segundo o economista Gustavo Teixeira, o que o governo está fazendo com as estatais brasileiras é parte de um projeto muito maior, que afeta a sociedade brasileira como um todo. Um exemplo é a regulamentação da terceirização, que tem sido usada indiscriminadamente pelas empresas privadas.

“No setor elétrico, quase 90% da força de trabalho nas empresas é terceirizada. E isso gera maior precarização do trabalho e aumento de acidentes”, afirmou.

De acordo com a diretora da FNU, Fabíola Antezena, o setor elétrico foi o primeiro a ser colocado à venda no governo de Michel Temer. A Eletrobras, que tinha em torno de 27 mil trabalhadores, hoje tem cerca de 21 mil – e a meta do governo é reduzir esse número para 12 mil. “Já não temos operadores suficientes, o que tem aumentado número de acidentes de trabalho, de afastamentos e de casos de assédio moral.”

O vice-presidente da Fenae, Sérgio Takimoto, explicou que o sistema financeiro é um dos principais financiadores do golpe. “Com o governo Lula, os bancos públicos começaram a ter um papel de relevância na economia brasileira, por isso o interesse dos grandes bancos de financiar esse golpe”, disse.

Segundo ele, a Caixa Econômica Federal já perdeu 14 mil trabalhadores desde 2014. “Isso está gerando uma sobrecarga enorme para quem está ficando, que gera perda de qualidade no atendimento e deixa a imagem de uma empresa deficiente, negativa perante a sociedade.”

A categoria petroleira nesse cenário

O diretor da FUP Deyvid Bacelar fez uma retrospectiva dos últimos enfrentamentos que a categoria teve como a operação lava jato, com os imensos ataques contra a Petrobrás através da mídia,com a mudança do marco regulatório do petróleo, com a retirada da Petrobras como operadora única do pré-sal, a mudança do conteúdo local que garantia o desenvolvimento interno do País e com as alterações em uma série de legislações para facilitar a privatização da empresa.

Bacelar lembrou que o governo Temer vendeu R$ 20 bilhões de ativos e quer mais R$ 16 milhões até o final do ano (quatro refinarias, 12 terminais da Transpetro e dutos, Fafens, Campos terrestres do Nordeste, campos marítimos de águas rasas no NF, Braskem, Pbio, termelétricas e terminais de regazeificação). Vendas que, segundo ele, envolvem casos de corrupção e foram feitas a preço de banana.

Os trabalhadores da Petrobrás também enfrentam ataques diretos como a implantação de PIDV’s  (menos 17 mil trabalhadores na empresa), redução do efetivo mínimo gerando insegurança nas operações, equacionamento do Plano Petros 1, implantação o PCR e as mudanças dentro da AMS .

Para se contrapor, a categoria está na luta. “ Fizemos para uma greve em 2015 em defesa da empresa que nós queremos, através da Pauta pelo Brasil, lutamos contra o golpe, em 2017 realizamos uma greve de cinco dias contra a redução de efetivo, garantimos na luta a renovação do ACT sem perda de direitos, em 2018 fizemos a greve histórica de 72 horas.

Ele contou que a categoria  faz audiências públicas em todo Brasil, enfrenta disputas jurídicas com ações contra as mudanças no estatuto da Petrobrás e da Transpetros, contra a quinta rodada do Leilão, contra as privatizações dos campos de águas rasas no NF. “Tudo isso não adiantará se não ganharmos as eleições em 2018” – concluiu Bacelar.

Brasil na contramão do mundo

O economista do DIEESE Gustavo Teixeira explicou que a política de privatização do governo golpista – que abarca áreas como saneamento, energia, petróleo, concessões de transportes, estradas, aeroportos, entre outros –  vai na contramão dos países desenvolvidos.

“Quando olhamos para outros países, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e Alemanha, o movimento deles é de barrar investimentos de empresas estrangeiras em setores estratégicos, justificando isso pela perda da soberania nacional. A tendência mundial, principalmente na Europa, é pela reestatização, principalmente dos serviços públicos”, disse.

Segundo a diretora da FNU, Fabíola  Antezena, a Alemanha vai gastar 770 milhões de euros para adquirir 20% da maior rede elétrica germânica, a 50Hertz, evitando a compra dessas ações por parte da estatal chinesa State Grid Corporation of China, que também demonstra interesse nas estatais brasileiras.

A reforma trabalhista é outro ponto de retrocesso: já são 13 milhões de desempregados e 65 milhões de pessoas fora da força de trabalho (e que deixaram de procurar emprego). A taxa de informalização já chega a 40%.

“O que acontece nas estatais é simplesmente uma dimensão de algo maior. Quando observamos as condições dos trabalhadores das estatais, apesar do ataque, é uma parcela tem uma condição muito melhor do que grande parte dos trabalhadores brasileiros”, disse.

Com informações da FUP