Sucateamento na Petrobrás eleva número de acidentes graves Sucateamento na Petrobrás eleva número de acidentes graves

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 21 de dezembro de 2018

bomba-relogioNão é de hoje que as entidades sindicais denunciam os impactos do sucateamento nas unidades da Petrobrás, especialmente à saúde, segurança e condições de trabalho. Esse sucateamento se dá de várias formas mas, no caso em especial da companhia, é por meio da redução de pessoal com os sucessivos PIDV’s e da diminuição de terceirizados, da falta de manutenções e inspeções, do corte de investimentos visando a privatização de áreas da empresa, especialmente o refino e os campos maduros.

Isso tudo refletiu em um aumento do número de acidentes graves nas unidades da Petrobrás, inclusive em Minas Gerais. Ao longo deste ano, foram registrados pelo menos três acidentes com afastamento envolvendo empregados próprios, sendo que dois deles ficaram seriamente feridos em acidentes na Regap, em Betim.

Em agosto, a refinaria registrou o mais grave acidente dos últimos anos. Um vazamento de ácido sulfúrico 98% deixou três trabalhadores feridos, sendo um deles o operador Antenor Pessoa Cavalcante. Ele sofreu queimaduras nas costas, peito e parte do rosto, além do braço e antebraço esquerdos. Também sofreu uma lesão reversível no olho direito. Ele passou por algumas cirurgias e já está há mais de 100 dias afastado da empresa para tratamento das queimaduras e recuperação.

O relatório do acidente revelou o que o Sindipetro/MG já denunciava: falha na gestão. O acidente foi causado por erros no projeto, utilização de materiais inadequados para o sistema de ácido sulfúrico, entre outros – todos associado à gestão da companhia.
Em novembro outro acidente deixou uma petroleira ferida. Ela sofreu queimaduras nas pernas quando, ao retirar uma amostra de salmoura da dessalgadora em um recipiente de vidro, este teria soltado o fundo, derramando o líquido quente em suas pernas. A trabalhadora sofreu queimaduras de segundo grau e ficou afastada por mais de dez dias.

Na avaliação do coordenador do Sindipetro/MG, Anselmo Braga, ambos os acidentes revelam problemas de gestão da empresa – que tem cortado investimentos em manutenção, inspeção e pessoal a qualquer custo. Isso deixa os trabalhadores expostos a riscos constantes de acidente e, mesmo quando esses cortes terminam em fatalidades, nenhuma providência é tomada no sentido de punir os responsáveis e reverter esse quadro de insegurança nas unidades operacionais da Petrobrás.

“O mínimo que a gente cobra é que a Petrobrás seja tão rigorosa e punitiva com seus gestores como tem feito com os trabalhadores por meio do sistema de consequências”, afirmou o coordenador do Sindipetro/MG.

Incêndios e mortes no rastro do sucateamento

acidente_replanEm 20 de agosto, um incêndio atingiu a Refinaria de Paulínia (Replan), no interior de São Paulo. O fogo teve início após a explosão de um tanque de águas ácidas. Por causa do acidente e da insegurança, a unidade precisou ser interditada. Já no dia 4 de dezembro, um incêndio atingiu uma torre da unidade de Coqueamento Retardado (U-21) na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Por sorte, nenhum trabalhador ficou ferido nas duas ocorrências, afinal, ambas tinham grande potencial de se transformarem em grandes tragédias.

No dia 17 de dezembro, outro grande incêndio aconteceu na Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro. O fogo teve início em um dos caminhões que fazia a descarga de combustíveis na área que fica no interior da unidade e se alastrou rapidamente atingindo outros caminhões parados no local. Ninguém se feriu.

Mortes

A insegurança também está presente em outras áreas da Petrobrás. Só em 2018, a empresa já contabiliza quatro mortes: um trabalhador morreu em fevereiro em um acidente no campo de produção terrestre de Fazenda Bálsamo, na Bahia. Outro faleceu durante acidente no Terminal de Osório (Tedut), no Rio Grande do Sul. Um mergulhador morreu em agosto em um acidente em um campo de produção da Bacia de Santos (SP). No mês de novembro, outro trabalhador perdeu a vida ao operar um guindaste que estava condenado há mais de duas décadas na plataforma PNA-2, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.