Editorial: Castello Branco: privatista sem papas na língua Editorial: Castello Branco: privatista sem papas na língua

Opinião | 11 de janeiro de 2019

A cada pequeno passo, o governo Jair Bolsonaro parece estar empenhado em demonstrar sua incrível capacidade de dar caneladas. Mas, se já houveram tantos desencontros e constrangimentos envolvendo a alta cúpula política em tão pouco tempo, a ala econômica do governo parece saber bem para onde está indo.

Os discursos de posse dos presidentes de grandes e importantes estatais, como os bancos públicos e a Petrobrás, revelaram o quanto esses agentes estão alinhados com a visão privatista de Paulo Guedes. Além do compromisso quase religioso com a ideologia neoliberal, os novos mandatários já falaram explicitamente na privatização de setores dessas estatais. E rápido!

O que não será vendido, segundo essa turma, será gerido como se fossem empresas privadas. Alguns podem se iludir com a velha lorota sobre uma suposta maior eficiência, meritocracia e racionalidade desse tipo de gestão. Nós sabemos bem o que está por trás desse papo furado: lucros exorbitantes para o mercado financeiro, retirada de direitos dos trabalhadores e serviços e produtos mais caros à população.

Roberto Castello Branco, novo presidente da Petrobrás, já deixou isso claro em vídeo divulgado à força de trabalho petroleira: “O papel social da Petrobrás é gerar retorno aos seus acionistas”. Embora os brasileiros ainda sejam os principais “acionistas” da Petrobrás, Castello Branco não demonstra estar muito preocupado com nossos interesses, já que tem prometido vender refinarias e lucrar com os preços dos combustíveis nas alturas.

Em tom menos comedido do que os últimos presidentes, Castello Branco incorpora bem o espírito desse novo governo. O velho amigo de Paulo Guedes, num forte discurso ideológico em suas primeiras declarações, parece não ter papas na língua para defender um pensamento que pode destruir a Petrobrás. Para quem ainda tinha dúvida sobre o que estava por vir, ainda há tempo para se juntar e ajudar a organizar a resistência.