Em audiência, vereadores e deputados defendem importância da usina da PBio para Montes Claros Em audiência, vereadores e deputados defendem importância da usina da PBio para Montes Claros

Diversos, Notícias | 10 de junho de 2021

Foi realizada na noite de quarta (9), uma audiência pública na Câmara Municipal de Montes Claros, com o objetivo de  “debater e alertar sobre os impactos do fechamento da Usina de Biodiesel”. A proposta foi apresentada pela vereadora Iara Pimentel (PT).

O presidente da casa, o vereador Cláudio Rodrigues de Jesus (Cidadania), apresentou os presentes – tanto virtual como presencialmente  – e o propósito do evento, que foi transmitido pelo Youtube da TV Câmara.

A vereadora que pediu a audiência, Professora Iara, contextualizou que houve um esforço suprapartidário para receber a usina, que hoje emprega 150 trabalhadores terceirizados e 35 efetivos, além de gerar renda para diversas outras pessoas. “A proposta da PBio é de empoderamento do povo, de valorização das potencialidades. E há uma necessidade de cuidarmos do que é nosso, pensando neste momento e também no futuro.  Montes Claros tem uma responsabilidade, essa Casa tem responsabilidade de fazer a defesa da Usina, dos trabalhadores, da proposta, do patrimônio produtivo”, disse.

A deputada estadual Leninha, do PT, lembrou que a proposta da usina envolve a valorização do semiárido, não só de Minas, mas do Brasil. A produção do biodiesel foi pensada a partir de plantas típicas da região, e também do sebo animal. “A Usina, assim como Darcy, é pra ser inovadora, inspiradora, emancipadora e construtora de futuro próspero, para a região, e para o Brasil”, destacou, acrescentando que o necessário seria discutir formas de ter mais investimentos na usina, não lutar pela sua preservação.

Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT Minas, criticou o processo de privatização, que nunca traz benefícios para a população. “Ao contrário, o que vemos é precarização, piora nas condições e segurança do trabalho. Está aí o exemplo da Vale, que não deixou nada para o povo mineiro nesses 30 anos de privatização, e trouxe destruição e morte”, exemplificou.

Alexandre Finamori, coordenador do Sindipetro MG, frisou que a Petrobras Biocombustível cumpre um papel que nenhuma empresa privada faria, de desenvolver energia mais sustentável no semiárido, envolvendo agricultores familiares e desenvolvimento regional. “O dinheiro do petróleo tem que beneficiar a população, com royalties para a saúde e educação, e também preparar para o futuro. O lucro do petróleo tem que ser investido em uma transição energética”, pontua, dizendo que a atual gestão da Petrobras não se preocupa com essa dimensão de uma estatal, mas, ao contrário, atua no sentido do projeto de desmonte do Estado do governo de Bolsonaro.

Pesquisadora da área de energia do Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Ana Carolina Chaves destaca os riscos de interromper os impactos econômicos e sociais positivos que a usina gera para a região, além de sinalizar uma posição preocupante da Petrobras, na contramão das grandes empresas de petróleo do mundo, que estão investindo cada vez mais em projetos de transição energética.

“A Petrobras, desde o golpe de 2016, está atuando para diminuir de tamanho. O único objetivo da empresa tem sido explorar o pré-sal, o resto está sendo colocado à venda. Atrelou seu preço ao mercado internacional, ao dólar. A população sente isso no aumento do preço do diesel do gás de cozinha”,  argumentou o representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Mário Alberto Dal Zot

O deputado federal Paulo Guedes (PT) criticou a política levada pelo ministro da economia e pelo presidente, lembrando de outras empresas estratégicas que também estão na mira da privatização, como a Eletrobrás. “É um projeto de destruição que nós precisamos combater”, resume.

O vereador Daniel Dias (PCdoB) lembrou que o processo estava sendo feito sem o conhecimento dos vereadores. “Não dá pra acompanhar o mercado do governo federal, eles vendem tudo o tempo todo. Aqui no Brasil o governo quer só vender, sem trazer retorno para o país. Eu fico muito triste, a gente vê que é uma usina imponente. Faz a gente sentir orgulho de ser brasileiro. Ser brasileiro é defender seu povo, seu patrimônio, sua soberania”, argumenta. Ele sugere que a Câmara faça uma moção de repúdio contra a venda da usina.

No encerramento da audiência, o presidente Cláudio destacou que os 23 vereadores aprovaram o requerimento para a audiência e irão discutir o que é mais possível fazer. Houve lembrança e reconhecimento aos trabalhadores, que seguem em estado de greve, aguardando resultado de negociação com a empresa.