Custo de extração do pré-sal em plataformas afretadas é 62% maior do que em unidades da Petrobrás Custo de extração do pré-sal em plataformas afretadas é 62% maior do que em unidades da Petrobrás

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 7 de março de 2022

Uma das razões para os custos maiores de extração entre as afretadas, de acordo com Cararine, é o preço do barril de petróleo e o câmbio, que impactam os fretes e os contratos que têm como base esses dois fatores


por Sindipetro/NF

Foto: FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes, afretado pela Petrobrás à Modec, em operação na Bacia de Campos

 

Dados disponibilizados pela Petrobrás e reunidos pelo economista Cloviomar Cararine, técnico do Dieese que atua na assessoria da FUP, mostram que as plataformas afretadas tiveram, no quatro trimestre de 2021, um custo de extração 62% maior do que o de unidades próprias da Petrobrás nos campos do pré-sal.

Esta realidade derruba a tese neoliberal de que a iniciava privada é necessariamente mais eficiente do que as empresas públicas. As plataformas afretadas são contratadas pela Petrobrás para atuar em poços aonde a própria empresa, se desejasse e tivesse mantido uma política nacionalista, poderia operar.

O custo de extração do pré-sal no período foi de US$ 3,24/barril nas plataformas da Petrobrás no pré-sal. Nas afretadas, o custo sobe para US$ 5,26/barril (62% maior). Além da baixa eficiência, a opção pelo afretamento impacta negativamente ao país em razão da redução da compra de produtos e serviços brasileiros, assim como a menor contratação de trabalhadores próprios da Petrobrás.

Uma das razões para os custos maiores de extração entre as afretadas, de acordo com Cararine, é o preço do barril de petróleo e o câmbio, que impactam os fretes e os contratos que têm como base esses dois fatores. “Se o preço do barril sobe, sobe também o frete. Esse é um exemplo de impacto negativo da falta de soberania e de uma escolha de risco [pelo afretamento] que a Petrobrás adotou pós 2016”, explica o economista.

Em 2021, a Petrobrás mantinha 19 plataformas próprias e duas afretadas (FPSO Cidade de Campos e Cidade de Niterói) na Bacia de Campos. Já na Bacia de Santos (grande parte do pré-sal) eram nove próprias e 13 afretadas. No total da área do pré-sal, reunindo Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, a Petrobrás tinha, no mesmo ano, 30 próprias e 18 afretadas.

Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, estes números evidenciam o erro grave da política privatizante da Petrobrás. “A venda da Petrobrás e seus ativos, assim como a terceirização, têm piorado as condições de trabalho e aumentado os custos para a empresa. O que acontece hoje no pré-sal é só a “ponta do iceberg”. A verdadeira corrupção da nossa Petrobrás está nas negociatas e transferências de bilhões dos cofres da companhia para os que já são ricos, fazendo o povo pagar gasolina, diesel e gás de cozinha cada vez mais caros”, protesta o sindicalista.