Petroleiro da RLAM relata sofrimento e perda de direitos após privatização Petroleiro da RLAM relata sofrimento e perda de direitos após privatização

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 24 de junho de 2022

Os trabalhadores terceirizados são os primeiros a sentirem o impacto de uma privatização


por Sindipetro/MG

 

Trabalhadores próprios e terceirizados da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde/BA, têm convivido com o medo e insegurança causada pela recente privatização da unidade. Em entrevista concedida ao Sindipetro/MG, o petroleiro e diretor do Sindipetro/BA, Jairo Batista, relata o sofrimento dos trabalhadores locais quanto a perda de direitos e piora das condições de trabalho na refinaria.

Quando uma empresa estatal é privatizada, não é apenas a sua estrutura física que está à venda. Os seus trabalhadores, próprios ou terceirizados, também são vendidos durante o processo. A venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), é uma ilustração (infeliz) dos impactos que a privatização causa na vida dos trabalhadores.

“Logo quando se anuncia a privatização, o primeiro impacto é o medo, as incertezas. O ambiente de trabalho começa a ficar inóspito. Os próprios gestores, atendendo às ordens daqueles que querem privatizar, começam a colocar a situação da relação de trabalho um pouco desconfortável. Eu diria que o primeiro impacto para os trabalhadores é a intranquilidade para realizar o seu trabalho” afirma Jairo Batista, ao responder para o Sindipetro/MG sobre os impactos diretos que a privatização causa aos trabalhadores.

Impactos para os petroleiros terceirizados

Os trabalhadores terceirizados são os primeiros a sentirem o impacto de uma privatização. Isso porque, a primeira coisa a acontecer após o governo decidir privatizar uma empresa, é a redução de contrato com as suas prestadoras de serviço.

“No nosso caso [da Petrobrás], a partir do golpe, as relações de trabalho com os trabalhadores terceirizados já começaram a apresentar uma carga de perda de direito.Então, os primeiros impactos na perda de direitos foram com os terceirizados. E, inclusive, tivemos exemplos de diminuição de salários de forma brusca de contratos que se prosseguem e condições de trabalho muito mais precarizadas” informa Jairo Batista.

Como exemplo desses direitos perdidos, o petroleiro destaca que os petroleiros terceirizados já vem há alguns anos sofrendo com a redução salarial, assim como a redução na qualidade de seus planos de saúde e de suas alimentações no serviço.

“Nós tínhamos uma cláusula que garantia que essas empresas não dessem calote nos trabalhadores. Nela, nós pedíamos também à empresa, à própria Petrobrás, alguns direitos que, infelizmente, empresas privadas teimam em não oferecer, como um plano de saúde de qualidade, uma alimentação de qualidade. Então, com o processo de privatização, essas empresas privadas que vieram, em especial a que comprou a RLAM, tem negligenciado de forma muito profunda essa questão dos alimentos, essa questão do plano de saúde que, até para os próprios, da empresa que comprou a RLAM, não terão direito na aposentadoria.”

 

Piora das condições de trabalho

A privatização de uma empresa é seguida por demissões de trabalhadores de diversos setores. Aos que ficam, resta um ambiente de trabalho inóspito, de contigente reduzido e jornadas exaustivas.

“Tudo isso porque a lógica implantada para aqueles que querem privatizar a empresa é trazer ela ao máximo para o ambiente de uma empresa privada, um ambiente de empresa em que só perquira exclusivamente o lucro” comenta Jairo Batista. “Os trabalhadores tem tido a capacidade de resistir. E esse momento é de resistência, para que posterior possamos reestabelecer um ambiente de trabalho de fato saudável conforme determina a constituição e as leis trabalhistas” complementa.