Desabafo de uma mãe petroleira mostra o quanto ainda é preciso avançar em igualdade de gênero na Petrobrás.
“Dias das mães e eu estou aqui trabalhando. Não era o meu dia de trabalho, mas é uma daquelas manobras que a gente faz para equilibrar os pratinhos, sabe como é?”. Assim começa o relato de Vanessa Sebate, Técnica de Operação da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, em mensagem na internet.
Ela compartilhou que, no período de 15 anos em que trabalhou na empresa, passou por três gestações e duas reduções de jornada para amamentação. Ressaltou o apoio dos colegas “que sempre trataram seus filhos como parte de uma grande família”, mas fez um desabafo que reflete a angústia de outras mulheres trabalhadoras. “Sigo amargando perder oportunidades de crescimento (profissional) em função de rebaixamento de nota no GD (Gerenciamento de Desempenho) por ter utilizado a redução de jornada para amamentar minha bebezinha linda durante a pandemia”, conta.
Quando entrou na empresa, o instrutor disse a ela que os supervisores não teriam interesse que ela entrasse no grupo deles. A justificativa era de que as mulheres se casam e têm filhos. “Fico feliz que hoje, na empresa, essa mentalidade não tenha mais espaço, mas o GD é recente e o meu caso não é raro”, lamenta.
“A gente não desiste, somos mães, somos mulheres. Nunca nos ensinaram a desistir. Nossa força vem de dentro”, afirma. Ela conclama um apoio às mães trabalhadoras com o mesmo amor que transborda nas mensagens que circulam no Dia da Mães. “Apoiem as mães. O trabalho é árduo, as pedras são muitas e o lucro é para todos”.
Com a história desta mãe petroleira, o Sindipetro/MG reforça o seu compromisso em defesa da ampliação dos direitos das mulheres e mães e conclama a todos se unirem nas lutas por melhores condições de trabalho e de vida da categoria petroleira. “Vamos nos inspirar na capacidade de persistência e força das mães para ampliar nossas lutas sindicais pela garantia de direitos e igualdade”, afirma o coordenador-geral eleito do Sindipetro/MG, Guilherme Alves.
O Sindipetro/MG também reforça o convite para as petroleiras interessadas em participar do primeiro Encontro Nacional Unificado, promovido pelos coletivos de mulheres da FUP e da FNP, que acontecerá entre os dias 23 e 25 de maio, no Instituto Cajamar, centro de formação sindical da CUT, na região metropolitana de São Paulo. A inscrição deve ser feita no Sindipetro/MG até 19/05. Com o tema “Nunca mais sem Nós”, o objetivo do encontro é debater estratégias unitárias de enfrentamento à opressão de gênero e de fortalecimento das nossas organizações sindicais.