“São os pobres da terra que mais sofrem, apesar de serem os que menos contribuem para o problema”, disse o Papa Francisco, ao analisar o cenário de emergência climática que assola o planeta.
Por Brasil de Fato
O rastro de destruição, mortes e desabrigados deixado no Rio Grande do Sul, precisa ser um alerta. As diversas, e cada vez mais comuns catástrofes ao redor do mundo, são um projeto, planejado, financiado e executado pelos ricos, enquanto as grandes massas de despossuídos, que pouco contribuíram para chegarmos ao atual estágio, é quem paga a conta.
Enquanto o agronegócio e as mineradoras lucram com seus empreendimentos, emitindo gases de efeito estufa, desmatando e devastando tudo o veem pela frente, entre os anos 2000 e 2018, quase 50 mil brasileiros morreram em decorrência dos efeitos das ondas de calor.
No ano passado, o Brasil registrou mais de 1160 desastres. Ao se considerar os impactos das fortes chuvas e enchentes, o balanço é assustador: em 2023, 74 mil pessoas perderam suas casas, 132 perderam suas vidas e mais de 9 mil ficaram feridas. Em 2024, o cenário é ainda pior, uma vez que somente a tragédia do estado gaúcho já atingiu mais de 2 milhões de pessoas.
Capitalismo gera e lucra com a crise
Superação da crise exige repensar o sistema econômico
Ao mesmo tempo, com a intensificação das catástrofes nos países da periferia do capitalismo, as nações do norte global, principais responsáveis pelo agravamento da crise ambiental, criaram um novo negócio para enriquecerem ainda mais, o “financiamento climático”.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), demonstram que países como os Estados Unidos, Alemanha, Japão e França fazem empréstimos com altas taxas de juros e lucram bilhões de dólares sob argumento de suposta “ajuda humanitária”.
Ou seja, se “os pobres da terra são os que mais sofrem”, os ricos ficam ainda mais ricos. A crise ambiental não é apenas fruto da ganância do capital, é também funcional para a manutenção da forma como se organiza a exploração capitalista.
Superação exige opção política
A superação desse cenário exige repensar o sistema econômico que organiza a vida em sociedade, mas passa também por opções políticas.
Parte da responsabilidade da situação enfrentada hoje no Brasil é também consequência da atuação de políticos como Jair Bolsonaro (PL) que, durante quatro anos, “passou a boiada” do desmonte das políticas ambientais.
Também não se pode deixar de responsabilizar o governador Eduardo Leite (PSDB) pelo o que acontece no Rio Grande do Sul. Ele retirou quase 500 artigos do Código Estadual de Meio Ambiente, em 2019.
Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) é outro representante dos setores que optam por aprofundar a crise climática, flexibilizando as normas de controle ambiental, favorecendo grandes mineradoras e devastando as áreas verdes que restam em nosso estado.
Em Belo Horizonte, é preciso dizer o mesmo sobre Fuad Noman (PSD). Apenas em 2023, mais de 7.320 árvores foram cortadas, parques e serras são ameaçados por grandes empreendimentos e a capital mineira foi o município do país que mais esquentou.
Eleições podem ser decisivas
É por isso que a superação da crise ambiental precisa estar na ordem do dia, ser tema de debates públicos, provocando reflexões e mobilizações intensas da sociedade, em contraponto ao projeto em curso. Não existe a opção de estagnação, ou enfrentamos esse cenário ou ele tende a se agravar ainda mais.
O ano de 2024 reforçar o alerta, mas também apresenta uma oportunidade. Não se pode esquecer quem são os responsáveis. É preciso aproveitar da corrida eleitoral para “separar o joio do trigo” e eleger representantes comprometidos com uma agenda climática sustentável e de ruptura com o modelo econômico.
Na capital mineira, temos o desafio de unificar nossos esforços na construção de uma candidatura do campo democrático e popular, que contribua no acúmulo de forças para o enfrentamento à agenda capitalista e predatória, e que seja protagonista na proteção de nossa casa comum.
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Edição: Elis Almeida