Na Mesa 4 – Diversidade e Combate às Opressões, no 38º Congresso Estadual de Petroleiros de Minas, aconteceu um rico debate sobre questões que envolvem as lutas das pessoas LGBTQIA+, pessoas com deficiência, das mulheres e da população negra. Todas e todos puderam aprofundar o entendimento sobre como a misoginia, o racismo e o preconceito contra minorias estão incutidos nas relações da sociedade e no mundo do trabalho, assim como compartilhar estratégias para aumentar o respeito à diversidade.
“O objetivo de incluir esse tema no Congresso é reforçar o papel do Sindicato no combate às opressões de gênero, raça e exclusão das pessoas com deficiência, principalmente dentro da Petrobrás que queremos”, opinou Felipe Pinheiro, diretor do Sindipetro/MG, que fez a intermediação da mesa e apresentou dados relativos às violências praticadas contra mulheres, negras e negros, pessoas LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
A convidada Pedrina Gomes, coordenadora da Casa Tina Martins e do movimento Olga Benário, enfatizou que o fato das mulheres terem chegado a vários espaços não foi suficiente para diminuir as desigualdades de gênero. Ela lembrou que a sociedade naturaliza a violência doméstica e a violência é ainda mais grave quando se fala em mulheres trans.
“Acho triste precisar de legislação até para coisas básicas como respeito à diversidade. É mais assustador saber que ainda hoje tenha gente que questione o debate sobre essas questões. O sistema capitalista faz com que as pessoas não se identifiquem como classe trabalhadora somente porque tem um carro e um apartamento”, argumentou para explicar que tudo passa pelas questões de classe e conscientização política.
O convidado Aruanã de Oliveira, coordenador da Rede Afro LGBT de Minas Gerais e militante do Movimento Brasil Popular, relembrou o processo histórico de resistência dapopulação negra no Brasil para falar sobre o combate ao racismo. “Muitas lutas e greves foram protagonizadas pelos escravizados. A história é contada pelos opressores e não pelos oprimidos”, destacou.
Segundo ele, os bolsões de pobreza de hoje são heranças de uma abolição inacabada. “Há uma transmissão geracional da pobreza. Falar sobre racismo no Brasil é muito mais complexo e profundo, está ligado ao modelo econômico constituído na nossa sociedade”, analisou.
Sobre a Lgbtfobia, Aruanã lembrou que a população LGBTQIA+ sempre existiu e o preconceito é uma crueldade com as famílias que sofrem com o preconceito e a criminalização. “Mas a gente segue orgulhoso e se organiza para resistir às opressões neste país que mais mata LGBT no mundo”, afirmou. Também citou que a cada 23 minutos um jovem negro é morto.
Questão de justiça social
A necessidade de garantir maior acessibilidade para as pessoas com deficiências também esteve no centro do debate da mesa Diversidade. “A minha deficiência não me define. Somos uma maioria minorizada”, disse Vinícius Venades, conselheiro do Conselho Municipal de Juventude, que é cadeirante. Ele ressaltou que uma pessoa com deficiência costuma ser vista como uma pessoa frágil e que mais de 70% das pessoas PCD estão fora do mercado de trabalho. Também lembrou da pouca representação na política e que essas pessoas passam por dificuldades por falta de políticas de inclusão.
“O liberalismo lucra com as nossas causas. Temos que criar dentro da esquerda uma luta de conscientização da acessibilidade, não para lucrar com isso, mas por uma questão de justiça social”, recomendou.
A debatedora Diana Cássia Silva, membro do Coletivo PCD do SindRede/BH, que possui deficiência auditiva, reforçou o coro das críticas contra o sistema capitalista no aprofundamento das opressões. “Temos que nos unir. O problema não está na gente, está no sistema”, alertou.
Diana parabenizou o Sindicato por promover o debate, lembrando que, mesmo sendo uma realidade, essa temática ainda é envolvida por preconceitos e há muito desconhecimento sobre as mazelas da opressão.
Mulheres na Regap
Por fim, a petroleira Rosely Assunção também fez um relato sobre a realidade das mulheres petroleiras na Regap. “Quando cheguei na Regap eu não via outras mulheres porque éramos poucas. Hoje são 23, aumentou consideravelmente. Qualquer espaço que você ocupar vai haver resistência”, concluiu.
“A profundidade desse debate já fez este congresso valer a pena”, avaliou Guilherme Alves, coordenador-geral do Sindipetro\MG, na finalização da mesa. Este ano, o Congresso contou com tradução simultânea de LIBRAS, como recurso de acessibilidade.