Economista analisa conjuntura energética e fala sobre as potencialidades do Estado de Minas Gerais e da Regap
No 38º Congresso Estadual de Petroleiros de Minas Gerais, o técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos, fez uma participação online, iniciando a Mesa de debate “Petrobrás que queremos em Minas Gerais”. O economista apresentou vários dados e fez análises sobre a indústria de óleo e gás no mundo e no Brasil, destacando as potencialidades energéticas de Minas Gerais.
“A Petrobrás não é uma empresa qualquer. Lembrando que, petróleo e insumos estão no centro de conflitos políticos e comerciais internacionais, a Petrobrás segue estratégica para o Brasil”, disse. “Se o ex-presidente Donald Trump ganhar as eleições nos EUA, haverá fortalecimento da indústria de óleo e gás americana. A segurança energética também está em jogo”, comentou.
Ele também analisou a complexidade da política no âmbito doméstico, argumentando que o Governo Lula está, permanentemente, em disputa e há muitos desafios para o movimento sindical. Ressaltou, portanto, a importância dos instrumentos de monitoramento de denúncias feitas por órgãos como o Ineep e o Dieese, que formam redes de interlocução e de informação sobre as inovações no setor.
“Acho que a Petrobrás precisa ampliar seus investimentos para explorar o Petróleo, garantindo o abastecimento, a soberania e a segurança energética. A transição será um processo longo. A Petrobrás pode ser protagonista numa transição que precisa ser justa, com a geração de empregos decentes e investimentos na sua força de trabalho”, ressaltou.
Ele destacou as potencialidades de Minas Gerais, como o segundo maior parque industrial brasileiro com posição estratégica numa área continental, em bioeconomia, desenvolvimento de novas rotas tecnológicas, com destaque para as usinas solares. O Estado produz um terço da capacidade de energia solar distribuída no Brasil e é o primeiro na produção de hidrogênio verde. “A transição energética é uma pauta que ajuda a construir unidade. Não é só mudança na matriz, ela vai trazer mudanças no mercado de trabalho, na produção industrial e no consumo, com mudanças estruturais. É preciso ter capacidade de reconhecer essas questões, ficar atento e participar do debate sobre esse tema”, alertou.
Mahatma afirmou que a política de desinvestimento na Petrobrás fez com que diminuíssem os postos de trabalho na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim. E lembrou que somente, em maio de 2024, a empresa saiu da carteira de desinvestimento da Petrobrás. “A Regap deve se integrar ao programa de biorefino, aumentar a capacidade de tancagem e de plantas de biogás no estado de Minas Gerais”, acredita.
Plenária aprova construção de documento sobre a Petrobrás em Minas
A Plenária final do No 38º Congresso Estadual de Petroleiros de Minas Gerais aprovou a construção de um documento guia com propostas em torno da Petrobrás que Queremos em Minas Gerais, com apoio do DIEESE, ILAESE e INEEP, levando em conta projetos de refino, ampliação da Regap (40 mil) e transição energética.
Consta também do documento final, a proposição de uma proposta construída com os trabalhadores (PBio Que Queremos), com a incorporação das Usinas ao Sistema Petrobrás; avanços sobre investimentos em Minas, levando em conta o potencial mineiro para desenvolvimento de projetos envolvendo novas tecnologias (hidrogênio verde, biometano, energia fotovoltaica).
Sobre o setor de fertilizantes, também foi proposto a retomada do projeto em Uberaba; investimento em distribuição, transporte e logística, recompra dos dutos de gás. Além de melhoria nas relações com os trabalhadores, com respeito aos direitos e a diversidade, salários e benefícios dignos e responsabilidade social.