Diante da necessidade de combater o racismo estrutural que ainda persiste em nossa sociedade, a data de 25 de julho, quando se comemora o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha é importante para celebrar as histórias de luta e resistência das mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais. Além de levantar reflexões sobre as desigualdades que se perpetuam no sistema capitalista, em que a população negra da classe trabalhadora é uma das mais prejudicadas.
As estatísticas de gênero mostram o abismo das desigualdades sociais e econômicas para as mulheres não brancas. No Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas pelas desigualdades na educação, no mercado de trabalho, na renda e na representatividade política do que as brancas. Elas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, têm menor taxa de participação no mercado de trabalho e menor percentual entre as ocupantes de cargos políticos. Além disso, as pretas ou pardas representam a maior parte das vítimas de homicídios contra mulheres praticados fora do domicílio e têm maior percentual de pessoas em situação de pobreza. Os dados fazem parte do estudo Estatísticas do gênero, divulgado pelo IBGE, em março de 2024.
Segundo o estudo, no Brasil, a proporção de mulheres brancas com 25 anos de idade ou mais que tinham completado o nível superior (29,0%) era o dobro da observada para as pretas ou pardas (14,7%). O salário das mulheres negras ainda é 57% menor do que de homens brancos, 42% menor do que de mulheres brancas e ainda recebem 14% a menos do que os homens negros, conforme dados de um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que levam em conta os rendimentos de 2019.
Refletir sobre as causas dessas desigualdades e exigir a o fim da discriminação de gênero e de raça em todos os espaços contribui para dar visibilidade às lutas das mulheres negras que têm efeitos para toda a sociedade. Segundo a ativista Ângela Davis, “quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.
No Brasil, o dia 25 de julho também é lembrado em homenagem a Tereza de Benguela, uma importante liderança quilombola que viveu no século 18. Uma mulher negra que se tornou símbolo de resistência por ter liderado o Quilombo de Quariterê, localizado na região do atual estado do Mato Grosso.
Debora Junqueira – Jornalista