Pedido do MME de investigação de preços abusivos praticados por refinarias privatizadas reforça denúncias da FUP Pedido do MME de investigação de preços abusivos praticados por refinarias privatizadas reforça denúncias da FUP

Diversos, Notícias, Tribuna Livre | 19 de agosto de 2024

Há mais de quatro anos, as direçõs sindicais alertam que a venda das refinarias geram monopólios privados, com aumento de preços dos combustíveis e risco de desabastecimento. Luta agora é pela reestatização

[Da assessoria de comunicação da FUP]

A decisão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de pedir ao Cade (Conselho de Administrativo de Defesa Econômica) e à ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) investigação do preço dos combustíveis praticado por distribuidoras e revendedoras de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha, ratifica a posição da Federação Única dos Petroleiros (FUP) contra aumentos abusivos praticados por refinarias privatizadas, como a Refinaria da Amazônia (Ream, antiga Reman, em Manaus) e Refinaria de Mataripe (Antiga Rlam, na Bahia).

O pedido de Silveira veio acompanhado de nota técnica que aponta que as refinarias privatizadas, em especial a Refinaria da Amazônia, vendida pela Petrobrás em 2022 para o grupo Atem, têm praticado preços superiores aos demais fornecedores e, também, ao preço de paridade de importação.

Da mesma forma, o Ministério Público Federal (MPF) intimou a ANP para que “informe se instaurou processos administrativos para apuração de irregularidade em razão da ausência de envio de dados obrigatórios pela Refinaria da Amazônia em 2023 e 2024”, e que, em caso positivo, indique os procedimentos tomados.

“É uma série de irregularidades flagrantes praticadas pelas refinarias privatizadas no governo passado” destaca o advogado Ángelo Remédio, da Advocacia Garcez, que representa a FUP em vários processos relacionados à questão, como denúncias feitas ao TCU (Tribunal de Contas da União), à ANP e ao MPF.

Em maio deste ano, a FUP protocolou ação na Justiça Federal do Amazonas contra o grupo Atem e a ANP, em que o MPF se manifestou devido à ausência de informações obrigatórias sobre a produção de derivados da Ream nos meses de janeiro a março de 2024 e também ao atraso no envio de informações referente aos meses de junho a dezembro de 2023.

Em julho último, a FUP denunciou quedas de produção de combustíveis e de gás de cozinha na Rlam e na Reman,o que fez com que as importações aumentassem e os preços ao consumidor local disparassem.

“Com a privatização destas duas refinarias, houve redução na produção de derivados de petróleo e, consequentemente, aumento na necessidade de o país importar gás de cozinha e diesel para abastecer o mercado doméstico. Por trás dessa queda de produção está a falta de compromisso das refinarias privadas com o abastecimento nacional e o aumento de margens de lucro”, frisa Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

A entidade luta para a retomada pela Petrobrás das unidades privatizadas. Há mais de quatro anos, quando do início do processo de venda de refinarias, já alertava para o risco de criação de monopólios privados, com aumento de preços dos combustíveis e risco de desabastecimento.