A licença não foi negada, nem era esperada, de fato, neste momento. A Petrobras poderá complementar as informações ao órgão ambiental.
Antes da publicação do parecer, a Petrobras mobilizava fornecedores para se preparar para o envio de uma nova sonda para o bloco FZA-M-59.
É também a expectativa do governo, evitando uma nova rejeição da licença ou o arquivamento do processo. Lula já deixou claro que, de um ponto de vista político, a posição do Planalto é favorável à ampliação da exploração de petróleo no Brasil.
A decisão final cabe ao presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e passa pela diretoria de licenciamento.
O documento é assinado por 26 analistas ambientais e avaliou a ampliação do Plano de Proteção à Fauna (PPAF), enviado pela Petrobras em agosto, após solicitação do Ibama.
“Considerando-se esta revisão do PPAF e as condições meteoceanográficas da região, não foi apresentada alternativa viável que mitigue, satisfatoriamente, a perda de biodiversidade, no caso de um acidente com vazamento de óleo”, concluem os analistas.
“Desta forma, não foram identificados, nos documentos analisados, elementos suficientes que permitissem a revisão da sugestão de indeferimento da licença ambiental e do arquivamento deste processo de licenciamento ambiental”, diz o parecer.
Servidores defendem contratação de estudo prévio pelo governo
O licenciamento, em tese, está restrito à análise da viabilidade ambiental da perfuração de um poço. Outras questões já foram colocadas, contudo, como a necessidade de contratação de estudos prévios, pelo governo – a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).
“(…) Cabe a esta equipe a recomendação técnica que seja realizada uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar para a Bacia Sedimentar da Foz do Amazonas previamente à concessão da licença de perfuração exploratória”.
O parecer registra, contudo, que a ausência de AAAS não foi considerada nas conclusões.
Danilo Forte apresenta PEC das Agências
É o que leva a resistência não apenas ambiental, mas de um ponto de vista climático. O sucesso na descoberta de petróleo e gás em Morpho representará a demanda por mais poços, trilhando o caminho para os estados do Amapá e Pará se tornarem províncias produtoras nas próximas décadas.
A região é a principal aposta da Petrobras para repor reservas a partir da próxima década, com o declínio da produção no pré-sal.
Em abril de 2023, 80 organizações da sociedade civil se uniram para pedir que o Ibama não autorize a Petrobras a iniciar a perfuração na Foz, enquanto não for realizada a AAAS.
Preparação para envio da sonda para o Amapá
A janela para iniciar a campanha este ano está perdida de toda forma, mas a companhia vem se preparando para iniciar a perfuração no primeiro semestre de 2025. Cada poço tem um prazo estimado entre cinco e seis meses.
A intenção é utilizar a OND II, sonda da Foresea, que está no Sudeste. Uma das etapas é a retirada do coral-sol, uma espécie invasora que contaminou o litoral brasileiro e pode migrar, presa às unidades.
O que é o coral-sol?
É um procedimento típico, quando envolve a mobilização de equipamentos do Sudeste para áreas não afetadas, como é o caso da região Norte. O tratamento dura cerca de 60 dias, mas a companhia avalia como reduzir esse tempo para deixar a unidade de prontidão.
“A Petrobras ainda aguarda a resposta do Ibama em relação ao pedido de reconsideração do indeferimento da emissão da licença do bloco FZA-M-59, protocolado em maio de 2023, para a definição das próximas ações e continuidade do processo de licenciamento ambiental”, disse a companhia, em nota enviada à eixos, antes da publicação do parecer.
É um procedimento típico, quando envolve a mobilização de equipamentos do Sudeste para áreas não afetadas, como é o caso da região Norte. O tratamento dura cerca de 60 dias, mas a companhia avalia como reduzir esse tempo para deixar a unidade de prontidão.
“A Petrobras ainda aguarda a resposta do Ibama em relação ao pedido de reconsideração do indeferimento da emissão da licença do bloco FZA-M-59, protocolado em maio de 2023, para a definição das próximas ações e continuidade do processo de licenciamento ambiental”, disse a companhia, em nota enviada à eixos, antes da publicação do parecer.
Ibama resistiu à mediação pela AGU
A AGU tentou mediar, por meio de uma câmara de conciliação pública, a definição das condicionantes para a exploração da Bacia da Foz do Amazonas.
O Ibama resistiu e o caso foi encerrado, como mostrou a eixos, com exclusividade, em agosto.
Marina Silva chegou a afirmar que não há “conciliação para questões técnicas”.
Participaram representantes da Controladoria Geral da União (CGU), AGU, Ibama, Petrobras e dos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.
O Ibama informou à época que participou de todas as reuniões e endossou não haver controvérsia jurídica neste caso, mas sim uma discussão técnica.