Abertura do 35º Congresso demonstra unidade de organizações em defesa da soberania Abertura do 35º Congresso demonstra unidade de organizações em defesa da soberania

Diversos, Notícias | 15 de julho de 2021

Os petroleiros de Minas Gerais deram início na noite desta quarta (14) ao seu 35º Congresso. A abertura, transmitida pelo canal do youtube do Sindipetro MG, contou com a participação de diversos parceiros, que saudaram os presentes e trouxeram reflexões sobre o momento em que se realizam as discussões. 

“Queria lembrar que não estamos todos aqui.  Infelizmente, nove companheiros morreram de Covid-19, pois infelizmente a gestão negacionista da empresa, seguindo o governo federal, expôs os trabalhadores. Foram mais de 430 contaminações na Regap e muita luta da categoria para ter acesso à vacina. Em nome de todos que se foram pela pandemia e pelo descaso, nos comprometemos a uma vida de luta”, destacou Alexandre Finamori, coordenador geral do Sindipetro responsável pela condução da abertura.

Juliane Furno, doutora em desenvolvimento econômico na Unicamp, saudou a luta do sindicato, que se preocupa com pautas além de sua categoria. A economista  – que tem um canal no Youtube para discutir questões econômicas de forma acessível – destacou alguns elementos da atual conjuntura, como o reposicionamento das grandes empresas na divisão internacional do trabalho. O que leva a uma maior importância ainda do setor de petróleo: “O Brasil vive hoje uma desindustrialização precoce, via barateamento dos nossos produtos primários. A indústria de petróleo e gás adquire importância estratégica por dois motivos: mobiliza um conjunto de setores industriais e é diretamente vinculada à soberania, política e econômica”, disse.

A importância do setor também foi resgatada por Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT Minas, que destacou a importância das lutas conjuntas pela defesa da soberania energética. “Querem vender a Eletrobrás a preço de banana. E estão picotando a Petrobras para tentar acabar com a empresa. Precisamos continuar lutando para manter nossas empresas públicas”, convidou, reforçando a parceria histórica com a CUT Minas.

Representando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e também a Frente Brasil Popular, Soniamara Maranho trouxe elementos do contexto internacional, como a intensa violência usada contra os países periféricos pela disputa do petróleo. “Vamos ter que acumular força, como classe trabalhadora, para reestatizar, para retomar o que está sendo privatizado. Precisamos fazer a luta para defender que as estatais são nossas, do povo brasileiro”, pontuou.

Finamori lembrou que o Sindicato compõe, com o MAB e a FBP, o comitê em defesa das estatais, que no ano passado lançou uma carta em defesa das empresas públicas ameaçadas de privatização

“A nossa unidade é mais do que uma opção, é um dever de todos nós”, disse Silvio Netto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e também da Campanha Nacional Fora Bolsonaro. Ao elencar os ataques que o governo federal promove sistematicamente contra a vida dos brasileiros, ele reforçou o convite para a mobilização do dia 24 de julho e também levantou a necessidade de ser organizada uma “grande paralisação geral no Brasil”.

A importância das ações de rua também foi destacada pelo deputado federal Rogério Correia (PT), que compõe a Frente Mista em Defesa das Estatais. Ele falou sobre a votação da PEC 32, que coloca em risco a estabilidade do serviço público e privatiza serviços de saúde e educação. “É um governo sem moral, sem ética, sem condições de continuar governando o Brasil. Precisamos desestabilizar esse governo. Ir às ruas e barrar as pretensões de aliança do centrão com Bolsonaro”, resume. 

Petroleiros em luta

“A greve da PBio foi um marco pra mim, aprendi muito. E olha que eu tenho 18 anos de Petrobras, 11 anos de movimento sindical. Foi um engajamento incrível, o pessoal montou todo o movimento. Foi uma greve de grande adesão e nesse momento difícil de pandemia. Estamos honrando a história que nos foi deixada por outras gerações”, destacou Cibele Vieira, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), sobre a importância da mobilização em defesa da Petrobras Biocombustível. 

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Ela destacou a importância de os petroleiros participarem com sua identidade nos atos do dia 24. 

Bruno Dantas, da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), enfatizou a necessidade de construção de um “programa operário, que coloque na agenda a reestatização dos recursos naturais”. 

Outra parceira que deu sua saudação ao 35º Congresso foi Rosângela Buzanelli Torres, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, que pontuou que nunca viu uma situação tão difícil para os trabalhadores como a atual, mas que por isso mesmo é ainda mais necessária a resistência. “O mercado está indócil e cabe a nós resistir. Ou nós nos unimos ou vamos servir ao nosso inimigo. Contem comigo sempre”, disse, explicando que nem todas as questões do conselho ela pode levar a público, mas que os votos são todos documentados e representam a defesa dos trabalhadores. 

Finamori, além de reconhecer a relevância do trabalho da servidora no conselho, saudou o fato de uma mulher ocupar um espaço tão importante para a categoria, ainda majoritariamente masculina. 

Gustavo Olímpio, representando a CSP Conlutas, destacou as ações do governo Zema, que “segue a mesma cartilha de Bolsonaro. Quer privatizar a Cemig, e agora até escolas públicas. A burguesia vê os serviços públicos como um grande negócio”. 

Pela União Nacional dos Estudantes e também o Levante Popular da Juventude, Paulinha Silva lembrou que a entidade também defende desde seu surgimento a defesa do petróleo para o desenvolvimento nacional. E destacou a luta do Sindipetro: “Em um momento de tanta tristeza, de mortes, de venda do patrimônio, estamos também aprendendo a conjugar o verbo esperançar. E o Sindipetro MG tem sido uma referência esperançar para a juventude e para o povo de Minas. Um exemplo disso são as campanhas de solidariedade”, disse. 

Congresso segue até sábado

Alexandre Finamori convidou todos os petroleiros a seguirem acompanhando a programação do Congresso, que segue até sábado (17). “Vamos discutir ainda diversas questões, como a privatização, mas também questões do dia a dia, problemas que nos atacam diretamente”, disse. 

Confira aqui a programação detalhada.